A Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência

Por Liliana Sousa e Silva, coordenadora executiva, e Martin Grossmann, coordenador acadêmico da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência.

A Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência foi criada em 2015 e lançada oficialmente em fevereiro de 2016, sendo a primeira cátedra de arte e cultura da Universidade de São Paulo (USP). Iniciativa do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP) em parceria com o Itaú Cultural, a Cátedra tem por objetivo fomentar reflexões interdisciplinares sobre temas acadêmicos, artístico-culturais, científicos e sociais nos âmbitos regional e global. Com duração inicial prevista de cinco anos, ela conta com dois programas: Redes Globais de Jovens Pesquisadores Líderes na Arte, Cultura e Ciência.

O programa Redes Globais de Jovens Pesquisadores tem foco no fomento e na promoção de projetos interdisciplinares voltados para jovens pesquisadores com até 40 anos. No âmbito desse programa, a Cátedra teve papel fundamental no apoio às atividades da primeira edição da Intercontinental Academia (ICA), realização conjunta do IEA e do Institute for Advanced Research (IAR), da Nagoya University, sob os auspícios da rede University-Based Institutes for Advanced Study (Ubias). A ICA reúne pesquisadores jovens e seniores para estudar um único tema durante um período de imersão.

O programa Líderes na Arte, Cultura e Ciência segue o padrão adotado pela Cátedra José Bonifácio, instalada na USP em 2013. A cada ano, tem como titular um expoente do mundo artístico, cultural, político, social, econômico, científico ou acadêmico, que deve orientar as atividades da Cátedra durante sua titularidade.

O primeiro titular (2016/2017) foi Sérgio Paulo Rouanet, filósofo, cientista político, diplomata e ensaísta, ex-secretário nacional de Cultura e autor do projeto da lei de incentivo à cultura que leva o seu nome. O segundo titular (2017/2018) foi Ricardo Ohtake, arquiteto, designer gráfico e gestor cultural, diretor do Instituto Tomie Ohtake, ex-secretário da Cultura do Estado de São Paulo e ex-diretor do Centro Cultural São Paulo, do Museu da Imagem e do Som e da Cinemateca Brasileira. A terceira titular (2018/2019) foi Eliana Sousa Silva, ativista social, cultural e educacional, diretora fundadora da Associação Redes de Desenvolvimento da Maré, entidade que atua nas áreas de desenvolvimento territorial, educação, arte e cultura, direito à segurança pública e acesso à justiça, identidades, memória e comunicação. A quarta titularidade (2019/2020) reuniu, excepcionalmente, dois catedráticos: Paulo Herkenhoff, crítico, curador e historiador de arte, ex-diretor do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, e Helena Nader, biomédica e professora titular na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que tem aliado atividades como docente e pesquisadora com a atuação como administradora acadêmica, dirigente de entidades científicas e assessora de agências de apoio à pesquisa.

Em 2020, foi iniciado o segundo quinquênio da Cátedra, com a continuidade da parceria entre o IEA-USP e o Itaú Cultural por mais cinco anos. Para inaugurar esse novo ciclo, tivemos a honra de contar com a titularidade do antropólogo cultural Néstor García Canclini, primeiro estrangeiro a ocupar a Cátedra. Nascido em La Plata, Argentina, em 1939, Canclini está radicado desde 1976 no México, onde é pesquisador emérito do Sistema Nacional de Investigadores e professor investigador do Departamento de Antropologia da Universidade Autônoma Metropolitana, unidade Iztapalapa, da Cidade do México.

Para a sua titularidade na Cátedra, Canclini propôs a pesquisa “A Institucionalidade da Cultura e as Mudanças Socioculturais”, com o intuito de discutir a questão da institucionalidade da cultura diante de algumas transformações atuais: o enfraquecimento das instituições culturais públicas e privadas durante a crise neoliberal e a prevalência dos aplicativos digitais sobre as instituições; as trajetórias dos movimentos independentes em relação à reconfiguração dos mercados culturais e dos hábitos de públicos e usuários; a “descidadanização” da política partidária e as mudanças socioculturais na formação do público; e o exercício dos direitos humanos sob os controles tecnológicos, as novas resistências e formas alternativas de organização social.


 

Sobre o Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP)

Criado em 29 de outubro de 1986, o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo é um órgão de integração destinado à pesquisa e discussão, de forma abrangente e interdisciplinar, das questões fundamentais da ciência e da cultura. O IEA tem a atribuição de realizar, junto a segmentos representativos da sociedade, estudos sobre instituições e políticas públicas (nacionais, estaduais, municipais e até supranacionais). Destacam-se os trabalhos sobre políticas de desenvolvimento da ciência, tecnologia e cultura, bem como sobre o uso social do conhecimento. Saiba mais.

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